Lira destrava impasse e fecha ‘blocão’ com revezamento entre PT e PL por reeleição

Favorito na disputa pela reeleição, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou um acordo com as duas maiores bancadas —PT e PL — para a divisão de postos estratégicos na estrutura da Casa. Para que o acerto fosse possível, a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro abriu mão do comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que deverá ser presidida por um petista. Em troca, o PL deve indicar um deputado da sigla como relator do Orçamento de 2024, de olho na possibilidade de enviar recursos para redutos de aliados em ano de eleições municipais.

O acordo deve possibilitar a reunião de todas as siglas aliadas de Lira em um único bloco, o que era a preferência do presidente da Câmara, diminuindo a margem para atritos envolvendo sua reeleição. O PT chegou a iniciar um movimento para isolar o PL de um bloco governista.


— Estamos acertando a relatoria do Orçamento, e não vamos ter a CCJ, que fica para o ano que vem. Temos que fazer esses ajustes. A Câmara faz um bloco. Se eu ficar fora desse bloco mesmo com cem deputados, o bloco tem 350 e todas as escolhas na nossa frente – declarou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.


O PT quer ainda indicar o comando da Comissão de Educação, e o PL visa a Comissão de Finanças e Tributação. O desenho final das comissões deve ser definido por Lira até o final de fevereiro.

O PT está sem espaço relevante na Câmara desde 2015. O partido de Lula nunca comandou nenhuma comissão relevante nas gestões de Eduardo Cunha, Rodrigo Maia e no primeiro mandato de Lira na Casa.

Em entrevista à fundação Perseu Abramo, Zeca Dirceu disse que a eleição para o comando da Câmara não é o momento de “sair bem na foto” e “criar um enfrentamento para daí ter uma notícia positiva” por breve período.

O PL, com 99 deputados, tem a preferência nas demandas de cargos por ser o partido com a maior bancada. Valdemar costurou uma mudança de rota, porém, diante do movimento do PT. A estratégia petista ainda esbarrava também no União Brasil, terceiro maior partido da Câmara, que está insatisfeito com a participação no governo Lula. Como mostrou O GLOBO na quinta-feira, o União Brasil havia aumentado sua pedida por cargos na máquina pública para aderir a um bloco governista na eleição da Câmara.

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