O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) elevou nesta quarta-feira (14) a sua taxa de juros pela sétima vez em 2022, mas a alta de 0,50 ponto percentual foi menor do que as aplicadas nas últimas quatro reuniões do seu comitê de política monetária, que foram de 0,75 ponto.
Com isso, a taxa de referência dos Estados Unidos avança para um patamar 4,25% e 4,5% ao ano. Esse valor está de acordo com o esperado por analistas de mercado consultados pela agência Bloomberg.
A alta menos agressiva dos juros confirma a expectativa de que os integrantes do Fomc, sigla para o comitê de mercado aberto do Fed, consideram que o aperto ao crédito está alcançando o propósito de frear a alta nos preços.
Desde que iniciou o atual ciclo de elevação dos juros no início deste ano, esta é a primeira vez que o Fomc opta por um acréscimo inferior ao dado na reunião imediatamente anterior. Antes das últimas quatro altas de 0,75 ponto, o comitê havia aplicado um aumento de 0,25, em março, e de 0,50, em maio.
“O anúncio de hoje marca uma desaceleração no aumento de juros nos EUA”, comentou Celso Pereira, diretor de Investimentos da Nomad.
“Dentre os fatores que embasaram um aumento mais ameno dos juros estão a desaceleração da inflação em novembro nos EUA e o receio de uma recessão na maior economia do mundo em 2023”, afirmou Pereira.
Na véspera, a pesquisa mensal do governo mostrou que a inflação registrada em novembro no país ficou abaixo do esperado. Houve aumento médio de 0,1% nos preços, abaixo da previsão de 0,3% esperada por economistas.
Nos 12 meses até novembro, o índice subiu 7,1%, menor taxa desde dezembro de 2021, mostrando desaceleração em relação ao aumento de 7,7% visto em outubro.
Beto Saadia, economista e sócio da BRA BS, avalia que o CPI, o índice de inflação ao consumidor americano, deixou mercados otimistas para uma postura mais leniente do Fed. Mas ele alerta que ainda faltam duas condições fundamentais para declarar vitória no combate à inflação.
“A primeira delas é que a convergência da inflação deve ser ancorada na meta de 2%, que ainda é muito além do atual. A segunda é o grande vilão da inflação que continua não mostrando sinais de que foi derrotado: o mercado de trabalho ainda muito apertado”, disse.
“Há mais vagas de emprego do que trabalhadores disponíveis, resultando em inflação de salários que pode em algum momento acelerar novamente a inflação de bens e serviços”, completou Saadia.
Uma menor pressão inflacionária aumenta as chances de que o Federal Reserve continue a diminuir o ritmo de alta dos juros, a exemplo do que fez nesta reunião, trazendo alívio para os mercado de ações, que passam a enfrentar menor concorrência da renda fixa americana
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