A iminente aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ocorrerá em maio, deu a largada na disputa pela primeira nomeação que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará para a Corte desde a sua volta ao Palácio do Planalto. Dois advogados despontam como favoritos na corrida: Cristiano Zanin, que representa o próprio petista nos tribunais, e Manoel Carlos de Almeida Neto, ex-chefe de gabinete de Lewandowski.
A dupla, contudo, não está sozinha no páreo. Quatro ministros figuram entre os cotados. São eles Luís Felipe Salomão, Mauro Campbell e Benedito Gonçalves, os três do Superior Tribunal de Justiça (STJ), além de Bruno Dantas, atual presidente do Tribunal de Contas da União (TCU). Entre magistrados do STF ouvidos pelo GLOBO, a expectativa é de que a batalha se intensifique após o carnaval.
integrantes do Prerrogativas, grupo de juristas que exerce influência na área jurídica do governo. Nas últimas semanas, o advogado intensificou a articulação para ficar com a cadeira. Ele e Lewandowski têm circulado juntos em Brasília, como num evento gastronômico que ocorreu após o lançamento de um livro organizado pelo ministro Gilmar Mendes, na biblioteca do STF, no início deste mês. Por outro lado, sua atuação como chefe jurídico da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) virou munição para adversários na corrida, que nos bastidores apontam possível conflito de interesses em ações relacionadas à companhia no Supremo.
Efeito colateral
Já Cristiano Zanin não precisa de intermediários para chegar ao responsável pela nomeação. Ele representa Lula nas ações penais a que o petista responde. Ganhou prestígio por ter conseguido a libertação do presidente, que passou 580 dias preso, a anulação de suas condenações e o reconhecimento de suspeição do ex-juiz Sergio Moro nos processos. Assim como o seu principal concorrente, Zanin passou a estar mais presente em rodas de políticos e integrantes do Judiciário influentes. Ele também compareceu ao lançamento do livro organizado por Gilmar neste mês.
funcionamento da Corte. É considerado discreto e equilibrado, com bom trânsito político. Sua atuação como chefe do jurídico da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é vista como possível fator de conflito de interesses. Conta com o apoio de integrantes do grupo Prerrogativas, que tem influência sobre a área jurídica do governo.
Cristiano Zanin
Também de perfil garantista, tem a seu favor o trabalho exitoso na defesa do presidente, que culminou com a anulação de decisões contra Lula, o reconhecimento da suspeição de Sergio Moro para julgá-lo e o restabelecimento dos direitos políticos do petista. O carimbo de “advogado de Lula” é visto como problemático por aliados do presidente. Sua recente atuação para o BTG no caso Americanas, que chegou ao STF, também tem sido apontada como negativa para a indicação dele. Tem o apoio do núcleo duro do PT.
Por: Globo