Com a popularização do meio de pagamento por Pix, aumentam também os casos de golpes na internet desde que o sistema foi criado. O Banco Central registrou 739.145 indícios de crimes envolvendo a modalidade no período de janeiro a junho de 2022. Nesta quarta-feira, 15, Dia do Consumidor, o Portal A TARDE conversou com Edval Landulfo, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), sobre quais medidas preventivas é preciso tomar para evitar prejuízos financeiros.
Os golpes mais comuns envolvem a clonagem de contas e o envio de mensagens falsas, que levam as vítimas a fornecer dados pessoais ou realizar transferências para contas fraudulentas. Além disso, uma das fraudes que vem se tornando popular é a do comprovante falso. O Pix tem uma opção de agendamento de transferência para um tempo determinado que, em seguida, gera um comprovante e é enviado como se o pagamento fosse realizado.
“A crise está nos comerciantes, onde a pessoa vai comprar um almoço e diz ‘olha, fiz a transferência’. A pessoa tem que entrar na sua conta e verificar se caiu mesmo aquele valor exato, por isso que até os centavos é muito importante, porque a conferência fica mais fácil. Só liberar algum produto se essa transferência for completada, depois da confirmação”, explicou Edval.
Com a alta das redes sociais entre todos os públicos, os golpistas também encontraram meios de aplicarem golpes através do Instagram. Segundo Edval Landulfo, a maioria destas armadilhas roubam os dados da vítima.
“O golpe do Pix no Instagram acontece quando marcam pessoas nos perfis das postagens, geralmente informando que elas vão ganhar prêmio em dinheiro. A pegadinha está em resgatar o tal prêmio através de um link. Esse link, com certeza, vai ter uma pegadinha de copiar os seus dados. Tem também as promoções falsas, ‘participe e ganhe dinheiro’. Vai enviar um link falso para a pessoa fazer o cadastro e roubar todas essas informações”, ressaltou.
O economista também destacou o golpe do Pix errado, quando o criminoso diz que deposita um valor, por engano, e pede para que a vítima transfira de volta. “A conversa é tão envolvente que a pessoa acaba caindo no golpe”.
Uma das principais recomendações é sempre verificar os dados do destinatário antes de realizar a transferência. Além disso, é importante não clicar em links suspeitos e não fornecer informações pessoais por mensagem, principalmente em conversas não solicitadas.
“O recomendável é que as pessoas tivessem uma conta com um valor para utilizar na semana, ter uma conta bancária somente para esses Pix de um almoço, um café, de coisas pequenas. Se tiver contas maiores, deixar essa conta em um outro smartphone, em casa. Se você não tiver atenção em observar quando for transferir, se você vai pagar a alguém, pedir essas informações e conferir duas vezes antes de enviar, porque, depois que envia é complicado para poder reaver esse valor, vai depender muito da boa vontade da outra pessoa ou entrar em um processo legal pedindo para bloquear a conta que foi transferido, mas não é fácil”, disse.
Landulfo destaca que uma das principais recomendações é sempre verificar os dados do destinatário antes de realizar a transferência.
De acordo com o conselheiro da Corecon-BA, também existe o golpe da tabela do Pix, onde os golpistas criam perfis falsos, com oportunidades de investimento para que a vítima faça uma transferência e receba, supostamente, o valor muitas vezes mais do que foi depositado. “Não existe investimento com 5% ou 6% de retorno ao mês, imagina pagar 5 ou 10 vezes o valor que foi enviado, tem que ter muito cuidado”, destacou.
Outro golpe que precisa de atenção, apesar da pouca frequência no território baiano, são os sequestros de pessoas para transferência. O economista explicou que a estratégia dos golpistas é roubar a senha da vítima e pedir para realizar o Pix, enquanto está dentro do carro com ela.
“É tentar avisar o mais rápido possível ao banco, porque se o dinheiro ainda não foi transferido, talvez ainda dê tempo de bloquear antes da conta destino. Se caiu na conta do terceiro, vai depender muito da boa vontade. Se for um valor grande, vale a pena entrar na Justiça e tentar bloquear. Além disso, é fazer um boletim de ocorrência, com todas as informações possíveis sobre o golpe, conta que foi transferido, todos os dados que tiver, tentar informar o que aconteceu até para bloquear a sua conta para que não seja feito nenhuma outra retirada. Se não for culpa do banco ou do aplicativo no acesso, dificilmente conseguirá reembolso”, concluiu.